Os produtores de soja Ronaldo (à esq.) e Rafael precisaram aguardar chuva para iniciar o plantio
Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
As constantes chuvas de setembro atrapalharam o cronograma dos produtores de arroz e soja de Santa Maria, que faziam a preparação do solo, naquele mês, para começar a semeadura entre outubro e novembro. Mesmo assim, os escritórios da Emater e do Instituto de Rio Grandense do Arroz (Irga) informam que o início do plantio não está atrasado e que 15% a 18% de cada uma das culturas foram semeadas no município.
O chefe do escritório da Emater em Santa Maria, Guilherme Godoy dos Santos, salientou que, depois das constantes chuvas, houve período com poucas precipitações, o que também dificultou o trabalho dos produtores de soja, que precisam do solo com umidade para a semeadura e germinação.
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Apesar destes contratempos, a expectativa é que safra de soja 2018/2019 tenha produção igual à de 2017/2018.
- O tempo é algo que a gente não consegue mudar, mas o agricultor pode se preparar para lidar com isso, por meio dos maquinários e outros fatores, para que ele fique menos à mercê das condições climáticas - diz o chefe do escritório da Emater em Santa Maria.
O produtor de soja Rafael Rossatto, 30 anos, que planta no Passo da Capivara, conta que estava esperando a chuva da madrugada da última quarta-feira para começar o plantio, que, pelo cronograma dele, deve iniciar neste final de semana. Ele e o pai, Ronaldo Assunção, 56 anos, estimam plantar 129 hectares, como fizeram na safra passada.
ARROZ
Sobre o setembro chuvoso e o outubro mais seco, o engenheiro agrônomo Gionei de Assis, que é o responsável pelo Irga Santa Maria, diz que as lavouras de arroz também sofrem um pouco, mas nada que resulte em perdas ou grandes atrasos.
- O problema foi que secou demais o solo, em outubro, e o pessoal teve que parar de semear. Mas depois da chuva (da última quarta-feira), acho que vamos conseguir avançar mais em área plantada - avalia o engenheiro agrônomo.
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Assis comenta que a expectativa da safra 2018/2019 de arroz tenha a redução de 4,5% de área plantada. Contudo, destaca que esta diminuição não reflete em produção menor e reforça que, com conhecimento e cuidado, os produtores podem aumentar a colheita em comparação à safra anterior.
O arrozeiro Gerson Bianchin, 49 anos, é um dos produtores que vão reduzir a área plantada. Passará de 140 para 120 hectares nesta safra e explica que o preço de venda tem caído muito, ano a ano. Até agora, ele tem 40% da área semeada e aguardava mais umidade no solo para seguir com o plantio.
RENTABILIDADE PREJUDICADA
Não foi só o começo do período de plantação que pode ser um problema para as culturas de soja e arroz, já que, neste verão, há 70% de risco de ocorrer o fenômeno El Niño, que apresenta mais chuvas e dias nublados.
O produtor de soja Rafael Rossatto diz que vai ficar de olho, principalmente em janeiro, que é quando o grão da soja começa a se formar e, com muita umidade, as plantas podem morrer. Próximo à colheita, entre março e abril, muitas chuvas e umidade podem ser maléficas para a plantação, pois as máquinas não conseguem passar pelas lavouras e as sementes podem germinar dentro da vagem de soja.
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Já Gerson Bianchin, que planta arroz, conta que muita chuva e pouco sol é perigoso para a plantação, pois pode causar fungos nas plantas. Ele comenta que é preciso cuidar muito da lavoura e que, se for preciso, vai arcar com mais um custo com a lavoura, que é o fungicida.
FERTILIZANTE E ADUBO
Além de fungicidas, os produtores dizem que, nesta safra, assustaram-se com os preços de insumos. como fertilizantes e adubos, usados na preparação da terra e aplicados no solo durante toda a safra.
Rossetto diz que, apesar de achar caro R$ 108 por saco de adubo, comprou 529 sacos para preparar a lavoura. Ele conta que usa de 5 a 6 sacos por hectare. Já Bianchin conta que cuidou a cotação do dólar para fazer a compra dos insumos, ainda assim, achou o preço alto dos produtos, pois a moeda chegou a R$ 4,19 em setembro. Ele usa uma média de 600 quilos de fertilizante por hectare.